A Justiça pediu, na manhã desta segunda-feira (11), a prisão preventiva do agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho, autor dos disparos que mataram o guarda municipal e membro da diretiva do PT em Foz do Iguaçu Marcelo Arruda, segundo a Secretaria da Segurança Pública do Paraná.
O requerimento partiu do promotor Tiago Lisboa. A prisão preventiva tem validade até 11 de agosto.
Guaranho se identificava como apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais. Ele segue internado em estado grave. O promotor quer que seja instaurado inquérito policial à parte para apurar agressões sofridas pelo autor do fato.
Guarda municipal é morto em Foz do Iguaçu durante festa de aniversário com tema sobre o PT
O guarda municipal Marcelo Arruda teve a festa de aniversário invadida pelo agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho na noite deste sábado (9). Arruda é membro da diretiva do PT em Foz do Iguaçu e tinha a decoração da festa de comemoração dos seus 50 anos em homenagem a Lula e ao PT.
Segundo relatos de quem estava presente, Guaranho foi até o local gritando o nome do presidente Jair Bolsonaro. Foi pedido que ele deixasse o local e ele avisou que voltaria. Arruda então foi até seu carro e pegou sua arma. Cerca de 10 minutos depois, Guaranho voltou e atirou em Arruda, que conseguiu revidar e atirar nele também. O aniversariante morreu, enquanto Guaranho foi encaminhado ao hospital em estado grave.
Em um primeiro momento, a Polícia Civil do Paraná chegou a divulgar que Guaranho havia morrido, mas, em nova nota na tarde deste domingo, afirmou que ele está estável no hospital.
O secretário de segurança pública de Foz do Iguaçu, Marcos Jahnke, confirmou à CNN que o crime foi motivado por divergências políticas.
“Na madrugada recebemos a informação de que havia tido um confronto armado entre o guarda municipal Marcelo Arruda e agente penal federal devido a divergências políticas. Marcelo estava comemorando 50 anos em uma festa na qual ele fez decoração alusiva à convicção política dele favorável ao ex-presidente Lula e em determinado momento chegou o agente penal federal de maneira isolada manifestando sua convicção política em favor do presidente Bolsonaro. Afrontou o aniversariante que pediu que ele saísse, que era uma festa particular. O agente saiu, mas voltou depois armado efetuando disparos que atingiu o guarda, mas mesmo ferido sacou a arma e atingiu também com gravidade o agente penal que está hospitalizado no hospital municipal.”
“Todos relataram que estavam na festa de aniversário com tema político do PT e que em certo momento a pessoa, que era desconhecida de todos e não era convidada, chegou no local com arma de fogo em mãos e aos gritos dizia ‘aqui é Bolsonaro’”, diz o boletim de ocorrência ao qual o analista da CNN Caio Junqueira teve acesso.
Governo do PR substitui delegada do caso sobre morte do militante do PT em Foz do Iguaçu
O governo do estado do Paraná decidiu substituir a delegada Iane Cardoso do comando da investigação do assassinato ocorrido sábado a noite em Foz do Iguaçu no qual um bolsonarista assassinou um militante do PT, conforme antecipou o analista da CNN Caio Junqueira.
Quem assumirá a condução do caso será a delegada divisional de homicídios – delegada Camila Cecconello. A informação foi confirmada a CNN pela assessoria da secretaria de Segurança Pública do estado.
De acordo com a Polícia Federal do Paraná, Iane Cardoso continuará fazendo parte da equipe de investigação, mas haverá um “reforço” com a criação de uma força-tarefa coordenada pela delegada Camila Cecconello.
O motivo oficial da substituição é por questão de recursos. Segundo a assessoria, “a divisional de homicídios tem mais recursos e experiência para essa situação”.
No entanto, a primeira entrevista de Iane gerou incômodo entre petistas por ela ter dito que o assassino era “vítima”. Além disso, foram localizadas em suas redes sociais manifestações contra o PT.
A nova delegada do caso e o delegado geral do estado, Silvio Jacob Rockembach, já se dirigiram a Foz do Iguaçu para assumir o caso.
Nesta manhã, o procurador-geral de Justiça designou o promotor Tiago Lisboa Mendonça para acompanhar o caso. Ele estará com o Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado de Foz do Iguaçu (Gaeco), que fará parte das investigações.
Em outra frente, o PT avalia pedir a federalização das investigações do assassinato do militante do partido morto por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro neste sábado em Foz do Iguaçu.
A informação foi confirmada a CNN pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann. “Devemos pedir sim (a federalização). Vamos conversar com nosso jurídico hoje”, disse.
O coordenador jurídico da Campanha, Marco Aurelio Carvalho, defendeu a ideia também. “Não foi um crime qualquer. Precisa ser tratado com toda atenção e cuidado. Não é um episódio isolado”, declarou.
A coordenação da campanha de Lula se reúne hoje para debater o assunto. Já está definido, porém, que os partidos da coalizão pedirão uma audiência com o presidente do TSE, Edson Fachin, para entregar um dossiê sobre casos de violência política contra o partido.
Vídeos mostram momento em que assassino invade festa em Foz do Iguaçu
A apoiadores, Bolsonaro não condena homicídio em Foz e fala em “briga de duas pessoas”
O presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou nesta segunda-feira (11) a morte do guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda no sábado (9), durante sua festa de aniversário de 50 anos com o tema do PT, em Foz do Iguaçu, como uma “briga de duas pessoas”. Arruda foi morto pelo policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho, que se identificava como apoiador do presidente nas redes sociais.
“Vocês viram o que aconteceu ontem [no sábado], né? Uma briga de duas pessoas, lá em Foz do Iguaçu. Bolsonarista não sei o que lá. Agora, ninguém fala que o Adelio é filiado ao PSOL, né?”, disse o presidente em sua primeira fala pública sobre o crime. Ele conversou pela manhã com apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada, em Brasília.