Michel Platini e o ex-presidente da Fifa Joseph Blatter foram absolvidos, nesta sexta-feira (8), na Suíça, no caso de fraude que, em 2015, acabou com as ambições do ex-jogador francês de assumir a liderança da entidade que comanda o futebol mundial.
Em silêncio, os dois acusados, que se declararam inocentes, ouviram a leitura do veredicto do processo em que poderiam ter sido condenados a cinco anos de prisão. O Tribunal Penal Federal de Bellinzona não seguiu as recomendações da Promotoria, que havia solicitado em junho pena de um ano e oito meses de prisão com suspensão condicional.
“Um tribunal neutro constatou que nenhum crime foi cometido neste caso. Meu cliente está completamente absolvido e aliviado por isso”, disse Dominic Nellen, advogado de Michel Platini.
O ex-capitão da seleção francesa comemorou em um breve comunicado a vitória na “primeira partida” e voltou a mencionar uma manipulação político-judicial que pretendia afastá-lo do poder: “Neste caso há culpados que não compareceram ao processo. Que contem comigo, nos veremos novamente”.
Michel Platini suspeita em particular de um papel oculto de Gianni Infantino, seu ex-braço direito na Uefa, eleito em 2016 como presidente da Fifa, e objeto desde 2020 de um processo distinto por três reuniões secretas com o ex-presidente do Ministério Público suíço.
Sem conseguir vincular esse caso com os fatos julgados em Bellinzona, o francês, de 67 anos, e o suíço, de 86, compareceram ao tribunal porque “teriam obtido ilegalmente, em detrimento da Fifa, um pagamento de 2 milhões de francos suíços (1,8 milhão de euros/2 milhões de dólares) em favor de Michel Platini”.
Defesa e acusação concordaram em um ponto: o ex-jogador, que venceu três vezes o prêmio Bola de Ouro, prestou assessoria para Blatter entre 1998 e 2002, durante o primeiro mandato do suíço como presidente da Fifa. Os dois assinaram em 1999 um contrato que estipulava uma remuneração anual de 300.000 francos suíços, valor pago integralmente pela Fifa.
Mas, em janeiro de 2011, o ex-jogador da Juventus – que na época era presidente da Uefa (2007-2015) – mencionou a existência de “uma dívida de 2 milhões de francos suíços”, descrita como “fatura falsa” pela acusação.
Os dois insistem, no entanto, que concordaram desde o início com um salário anual de 1 milhão de francos suíços por meio de um “acordo de cavalheiros”, verbal e sem testemunhas, sem que as finanças da Fifa permitissem o pagamento imediato a Platini.
O tribunal considerou que a fraude “não ficou estabelecida com uma verossimilhança para confiar na certeza”, aplicando assim o princípio do direito que prevê o benefício da dúvida em favor do réu.