Na última sexta-feira (3), os alunos do Curso de Licenciatura Indígena, da Universidade Federal do Acre (UFAC), em Cruzeiro do Sul, apresentaram seus trabalhos de conclusão de curso para a banca avaliadora. Ao todo, 45 indígenas de diversas etnias estiveram se formando.
O Curso de Licenciatura Indígena da Ufac teve início no ano de 2008, ainda chamado de Curso de Formação Docente para Indígenas, com sua primeira edição composta por 29 alunos representantes de 11 povos indígenas: Kaxinawá, Ashaninka, Puyanawa, Nukini, Shawãdawa, Katukina, Yawanawá, Shanenanawa, Manchineri e Jaminawa do Acre; e Marubo do Amazonas.
“O Curso de Licenciatura Indígena, tem uma marca que é muito peculiar dele, que consiste em ser um curso específico, diferenciado, um curso intercultural e bilíngue, às vezes, nós temos alunos falando até mais de duas línguas. O curso tem servido para o resgate, revitalização, para o fortalecimento da cultura desses acadêmicos indígenas que estão conosco”, explica o coordenador do curso, José Alessandro Cândido da Silva.
“Para chegar até aqui, desde o início foram muitas dificuldades, hoje, para finalizar, graças a Deus defendi o meu TCC (…) está sendo muito importante, pra deixar registrado, levar para o nosso povo que o indígena é capaz de trabalhar, de produzir e publicar”, pontuou Deliane Muniz, estudante.
“Eles trazem várias abordagens, que estão dentro do povo, e eles têm essa oportunidade de poder apresentar para o público externo. Mas também é interessante a gente pensar que, para dentro das comunidades, eles levam essas abordagens a partir de um ponto de vista científico, o que é diferente do que até então acontecia. Essas discussões aconteciam dentro das próprias comunidades indígenas, a partir de uma abordagem que não era científica, muitas das vezes era espiritual, resultado de memória”, explica Simone Cordeiro, professora e avaliadora do curso.
Reformulado em 2015, o curso se apresenta como um perfil norteador para a formação de um profissional com habilidades para desempenhar funções docentes nas escolas indígenas, atendendo a demandas das próprias comunidades.