Suítes com hidromassagem, algumas equipadas com cozinha, churrasqueira portátil e deck com espreguiçadeiras na Serra do Cipó, um dos pontos turísticos mais conhecidos de Minas Gerais.
Por todo esse conforto, diárias a partir de R$ 250, com café da manhã, almoço e jantar inclusos. O anúncio pode parecer atrativo, mas não se engane — é golpe.
Vítimas interessadas na hospedagem já registraram boletins de ocorrência informando que perderam dinheiro depois que fizeram PIX que seriam para reserva na Pousada Santa Vila. A direção do local alega que as redes sociais e o WhatsApp do estabelecimento foram hackeados.
A assistente administrativa Ana Cláudia da Silva Godinho, de 25 anos, queria se hospedar na pousada no próximo fim de semana e pelo pacote, de sexta a domingo, fez um PIX de R$ 1,1 mil.
“Estava de férias e comecei a procurar na internet algumas pousadas para viajar com meu noivo. Encontrei o Instagram e o site da Santa Vila. Aparentemente estava tudo normal e chamei no WhatsApp para mais informações”, contou.
Como foi o contato
Após realizar o PIX e mandar o comprovante, a jovem não teve mais resposta. Ana ligou para a pousada e foi informada por uma funcionária que o local tinha sido vítima de uma “invasão digital”.
“Perdi o dinheiro e, depois disso, o criminoso ainda debochou pelo Instagram e me bloqueou. A minha indignação é porque os donos não tiraram o site do ar. Não tive nenhum tipo de apoio deles”, disse ela ao g1.
Outras vítimas
A atendente de cobrança Camilla Praxedes, de 22 anos, também caiu no golpe e transferiu R$ 270. Ela já tinha se hospedado na pousada em 2019 e não teve nenhum problema.
“Estou no puerpério e queria descansar com o meu marido e minha filha de 4 meses. Fiz o PIX com a metade do valor cobrado, eu até estranhei o preço desta vez, principalmente porque tinha refeição incluída, mas me disseram que era uma promoção relâmpago e acreditei”, contou.
Pedido de ‘desculpas’
O consultor de sistema Rafael Ferreira da Costa, de 32 anos, também foi vítima. Ele pagou R$ 800 para se hospedar na pousada no último fim de semana.
“Entrei em contato na sexta pelo WhatsApp, fiz o depósito e fui para a pousada. Cheguei lá à noite, chamei no portão e ninguém atendeu”, contou.
Ao mandar mais uma mensagem, o golpista respondeu pedindo “desculpas” pelo WhatsApp. “Desculpa de verdade. Deus vai te abençoar. Só não deseja meu mal”, escreveu o golpista. Veja a conversa na imagem abaixo:
“Arrumei outro lugar para dormir e, no sábado de manhã, voltei à pousada. Os donos disseram que não poderiam fazer nada”, contou.
O que diz a pousada
Por meio de posts no Instagram, a Pousada Santa Vila lamentou o caso.
Quando acessado, o site, nesta terça-feira (3), tinha a seguinte mensagem: “Nosso antigo WhatsApp: 31 9977-0383 foi hackeado. Favor não encaminhar dados pessoais e não realizar nenhum tipo de pagamento”.
Procurada pela reportagem do g1 Minas, a direção afirmou que também foi lesada, registrou um boletim de ocorrência e está apurando as informações.
O que diz a Polícia Civil
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que localizou 14 registros de ocorrências sobre os fatos. No entanto, para que o caso seja investigado, é necessário que a vítima vá até uma delegacia e faça uma representação. Veja o comunicado na íntegra:
“Com os dados informados foram localizados quatorze registros de ocorrência, e por se tratar de estelionato, crime de ação penal pública condicionada à representação da vítima, a PCMG orienta que as vítimas devem procurar a delegacia para formalizar a representação e prestar depoimento. Em caso de algum cidadão tenha sido vítima e/ou se sentir lesado, ele deverá procurar a unidade policial mais próxima da sua casa para registrar o boletim de ocorrência. Os fatos serão investigados e, se for constatada alguma conduta criminosa, os responsáveis poderão responder pelo crime de estelionato”.
A vítima pode procurar a delegacia mais perto de casa ou o Departamento Estadual de Combate à Corrupção e Fraudes, localizado na avenida Francisco Sales, 780, bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte.