Cruzeiro do Sul, Acre 24 de novembro de 2024 19:21

União Europeia deve sair da fase de emergência da pandemia da Covid-19

A Comissão Europeia deve dizer que a União Europeia entrou em uma nova fase pós-emergência da pandemia, na qual os testes devem ser direcionados e o monitoramento dos casos de Covid-19 deve ser semelhante à vigilância da gripe baseada em amostra, de acordo com um documento preliminar visto pela Reuters.

A mudança ocorre em meio a uma queda gradual de casos e uma queda no número de mortes relacionadas à Covid-19, graças à disseminação da variante Ômicron menos virulenta e à imunização de mais de 70% da população da UE, com metade da população tendo recebido também uma dose de reforço.

“Esta comunicação apresenta uma abordagem para a gestão da pandemia nos próximos meses, passando da emergência para um modo mais sustentável”, diz o documento preliminar da UE.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) é responsável por declarar uma pandemia e o fim dela, uma medida que tem vastas implicações legais para uma grande variedade de setores, incluindo seguradoras e fabricantes de vacinas. A agência da Organização das Nações Unidas (ONU) disse que a pandemia não acabou.

O documento da UE não é vinculativo e vem com avisos claros de que “a Covid-19 está aqui para ficar”, provavelmente com o surgimento de novas variantes e, portanto, “a vigilância e a preparação permanecem essenciais”.

O rascunho do documento, preparado pela comissária de Saúde Stella Kyriakides e previsto para ser adotado na quarta-feira, alerta que novos surtos são possíveis e recomenda que os governos da União Europeia mantenham a guarda e estejam prontos para retornar às medidas de emergência, se necessário.

No entanto, também reconhece que uma nova fase começou e que é necessária uma nova abordagem para monitorar a pandemia.

Isso significa que os testes em massa, pelos quais as pessoas com sintomas e seus contatos devem ser testados, já foram descartados em alguns estados da UE, em forte contraste com as políticas atualmente aplicadas na China, onde as grandes cidades são submetidas a bloqueios e testes regulares em massa após a detecção de poucos casos.

Vigilância

A Comissão reconhece essa mudança, observando que menos testagem pode dificultar a interpretação dos dados epidemiológicos.

Isso está de acordo com as advertências do chefe da OMS, general Tedros Adhanom Ghebreyesus, que nesta terça-feira (26) pediu aos países que mantenham a vigilância das infecções por coronavírus, dizendo que o mundo está “cego” em relação à forma como o vírus está se espalhando devido à queda nas taxas de testes.

Para resolver esta situação, Bruxelas incentiva a introdução de formas mais sofisticadas de detecção de surtos.

“Testes de diagnóstico direcionados devem ser implementados”, diz o documento preliminar, observando que novas estratégias de teste devem ser projetadas para garantir que continuem fornecendo indicações úteis sobre tendências epidemiológicas.

Para isso, devem ser identificados grupos prioritários para testagem, incluindo aqueles próximos a surtos, pessoas em risco de desenvolver Covid-19 grave e equipes médicas e outras que estejam em contato regular com populações vulneráveis.

A vigilância do vírus também deve ser adaptada, com maior foco no sequenciamento genômico para detectar possíveis novas variantes e menos atenção na notificação em massa de casos.

“O objetivo da vigilância não deve mais se basear na identificação e notificação de todos os casos, mas na obtenção de estimativas confiáveis ​​da intensidade da transmissão comunitária, do impacto da doença grave e da eficácia da vacina”, diz o documento.

O texto sugere o estabelecimento de um sistema de vigilância semelhante ao usado para monitorar a gripe sazonal, no qual um número limitado de profissionais de saúde selecionados coleta e compartilha dados relevantes.

As vacinas continuam sendo essenciais na luta contra a Covid-19, diz o documento, recomendando que os estados considerem estratégias para aumentar a vacinação entre crianças de cinco anos ou mais antes do início do próximo ano letivo.

A Comissão alerta que as imunizações estão abaixo de 15% entre crianças entre cinco e nove anos, a faixa etária mais jovem para a qual as vacinas da Covid-19 foram autorizadas na Europa. Isso se compara a mais de 70% dos adolescentes de 15 a 17 anos, diz o documento.