Cruzeiro do Sul, Acre 3 de maio de 2025 11:13

Um ano depois, como Arena e Beira-Rio se recuperaram dos prejuízos da enchente no RS

O mês de maio inicia com uma inevitável lembrança ao povo do Rio Grande do Sul. Há um ano, o estado começava a ser devastado pelas fortes chuvas que resultaram em enchentes históricas que atingiram diversas regiões gaúchas.

No futebol, igualmente afetado, imagens impressionantes de Arena e Beira-Rio mostravam os estádios tomados pelas águas. Hoje, Grêmio e Inter ainda se recuperam dos prejuízos.

Na prática, o Inter recuperou sua casa mais rapidamente. Tanto que o time voltou a jogar no Beira-Rio bem antes do rival, cerca de dois meses depois da inundação. Atualmente, o estádio está 100% reestruturado.

Grêmio, por sua vez, demorou mais a jogar na Arena, quase quatro meses após o início das enchentes, e com capacidade de público gradual. Ainda hoje faltam reparos para ter o estádio em total funcionamento.

Gigante reerguido

Reveja imagens do Beira-Rio durante as enchentes de maio de 2024

Ainda nos primeiros dias de maio de 2024, imagens aéreas mostravam as consequências das cheias em Porto Alegre no Beira-Rio. O nível 1 do estádio, isto é, todo andar térreo, foi alagado.

Submerso por 11 dias, o gramado, reconhecido como um dos melhores do país, apresentou-se severamente danificado assim que foi possível enxergá-lo quando a água baixou.

A situação, em parte, foi contornada em questão de pouco mais de dois meses. Em 7 de julho, o Inter voltou a jogar em casa com mais de 33 mil torcedores contra o Vasco.

Mais de 600 pessoas ajudaram a reconstruir o Beira-Rio devastado, desde estruturas internas (vestiários, sala de imprensa) até gramado e arquibancadas.

As questões do Complexo Beira-Rio e do CT (Parque Gigante) estamos 100% restabelecidos, sem nenhuma pendência.
— Gabriel Gonçalves Nunes, vice-presidente de Patrimônio e do Parque Gigante
  • Arraste a imagem para comparar o antes e depois

Imagem Divulgação/InterImagem Aryel Martins/RBS TV

— Foto 1: Divulgação/Inter — Foto 2: Aryel Martins/RBS TV

O dirigente colorado, em entrevista ao ge, citou dois pontos como os mais minuciosos a serem cuidados na reconstrução. O museu, por conta de itens históricos, teve de passar por trabalhos específicos de recuperação de material. E, claro, o gramado, que recebeu grande volume de água contaminada dos bueiros dos arredores do Beira-Rio.

No que diz respeito apenas ao estádio, o Inter teve um prejuízo em torno de R$ 10 milhões. Em contrapartida, foi ressarcido em quase R$ 19 milhões, referentes à seguradora do Beira-Rio (R$ 8,9 mi), auxílio da CBF (R$ 6 mi) e plano de recuperação da inadimplência (R$ 6 mi).

– No que tange perdas patrimoniais, tivemos ressarcimento que considero dentro da expectativa. O problema é que o nosso prejuízo não ficou somente nos danos patrimoniais. Na época, circulavam valores na ordem de R$ 90 milhões – ressaltou Nunes.

montante citado contabiliza gastos causados pela enchente em si e projeção de valores que o clube deixou de arrecadar, tais como a estagnação do quadro social, em virtude da tragédia no RS, logística, pois o time precisou se estabelecer fora de Porto Alegre por um período, e valores de competições, visto que o Inter foi eliminado da Copa do Brasil e da Sul-Americana.

Beira-Rio está 100% completo novamente — Foto: Maxi Franzoi/AGIF

Beira-Rio está 100% completo novamente — Foto: Maxi Franzoi/AGIF

95% de recuperação

A Arena teve um processo mais lento até se aproximar da reestruturação completa. Na verdade, atualmente, o estádio ainda não chegou a 100%.

Igualmente afetado nas cheias na capital gaúcha, o local ficou 23 dias alagado e demorou mais a se reerguer. A relação conturbada entre Grêmio e gestora da Arena também veio à tona no período.

O time só conseguiu voltar a jogar em casa no dia 1º de setembro, com apenas 12,7 mil lugares disponíveis para a torcida, sendo que o público no jogo contra o Atlético-MG foi de pouco mais de 10 mil. O estádio só voltou a receber capacidade total em 26 de outubro, quase seis meses depois do início da enchente.

Reveja imagens da Arena do Grêmio durante as enchentes de maio de 2024

Hoje, dois pontos ainda impossibilitam a finalização das obras de recomposição total. O auditório, onde ocorrem as entrevistas coletivas do técnico do Grêmio, e um dos dois telões – o que fica acima da arquibancada norte está funcionando.

– Hoje temos 95% dos serviços planejados para executar na Arena prontos. (Auditório) Foi um espaço que teve enorme valor simbólico. Ficou um nível de água muito grande e por muito tempo. Tivemos que reconstruir praticamente do zero. Está quase nos finalmentes – disse Mauro Araújo, presidente da Arena Porto-Alegrense, ao ge.

– (Telões) Não foram afetados pela enchente diretamente, mas o que implica? Passaram muito tempo sem entrar em operação. Toda estrutura de subestação da Arena, com fornecimento de energia equilibrada, só conseguimos depois de muito tempo. Os telões estão sendo substituídos, têm melhor tecnologia, serão um pouco maiores. Já está em fase de finalizar – explicou.

  • Arraste a imagem para comparar o antes e depois
Imagem André Ávila /Agência RBSImagem Aryel Martins / RBS TV
— Foto 1: André Ávila /Agência RBS — Foto 2: Aryel Martins / RBS TV

Por questão de confidencialidade, segundo Araújo, não se sabe os valores do seguro da Arena. Mas ele afirmou serem “muito expressivos”.

Uma cifra de conhecimento geral são os R$ 6 milhões destinados pela CBF, os quais o Inter também recebeu de auxílio da entidade.

– É um processo que está sendo concluído. Queríamos agradecer a todos que nos ajudaram. Tivemos muita participação dos órgãos públicos, entidades ligadas ao futebol, o próprio clube, a seguradora. Hoje, temos uma infraestrutura mais moderna do que antes – garante Araújo.

Apenas um dos telões da Arena está em funcionamento — Foto: Rafael Favero

Apenas um dos telões da Arena está em funcionamento — Foto: Rafael Favero