O papa Francisco, voz que reformulou a Igreja Católica, morreu aos 88 anos, nesta segunda-feira (21). A morte foi anunciada pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo do Vaticano.
“Queridos irmãos e irmãs, é com profunda tristeza que comunico a morte do nosso Santo Padre Francisco”, disse Farrell em comunicado.
Francisco e a sua relação com o futebol
O papa Francisco e o futebol compartilhavam uma relação de longa data. O líder da Igreja Católica expressou, em diversas ocasiões, sua paixão pelo San Lorenzo de Almagro, clube argentino pelo qual torceu desde criança.
Seu pai atuava no time de basquete do San Lorenzo e, aos domingos, levava o filho ao Gasômetro, antigo estádio da equipe.
Em 1946, aos nove anos, o futuro papa se encantou com o “Ciclón”. Naquela temporada, o time — que contava com as lendas René Pontoni, Armando Farro e Rinaldo Martino — conquistou o campeonato nacional, fazendo crescer ainda mais o amor de Francisco pelo clube.
Ao longo da vida, manteve uma relação próxima com o San Lorenzo. Quando se tornou arcebispo de Buenos Aires, passou a celebrar missas na capela do clube todo 1º de abril, data de sua fundação, e também na Vila Olímpica, de onde era possível ver o estádio da equipe.
Quando foi escolhido para o papado, fotos do então cardeal segurando a flâmula do time rodaram a internet, e o San Lorenzo acabou ganhando o apelido de “Clube do papa”.
Em 2008, ainda como Jorge Bergoglio, ele recebeu uma carteirinha de sócio torcedor em homenagem ao centenário do clube.
Já em 2014, quando o San Lorenzo foi campeão da Libertadores, o papa recebeu o elenco e a taça da conquista no Vaticano, em um momento histórico para o clube e seus torcedores.
A ligação de Francisco com o San Lorenzo vai além: em um vídeo recente, ele demonstrou sua memória afiada ao citar de cabeça a escalação do time em 1946, ano em que o clube foi campeão argentino.
Em homenagem ao seu torcedor mais ilustre, o San Lorenzo decidiu batizar seu novo estádio com o nome de “papa Francisco”. As obras da arena devem ser iniciadas ainda em 2025, como informou Marcelo Moretti, presidente do Ciclón.
Morte do papa Francisco
A morte do papa foi anunciada na manhã desta segunda-feira (21) pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo do Vaticano.
“Queridos irmãos e irmãs, é com profunda tristeza que comunico a morte do nosso Santo Padre Francisco”, disse um comunicado do camerlengo.
“Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da Sua Igreja”, completou.
Farrell continuou: “Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados”.
“Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino”, concluiu a declaração.
O pontífice argentino passou por episódios de dificuldades respiratórias no começo do ano. Ele ficou internado por quase 40 dias no Hospital Gemelli e recebeu alta no dia 23 de março.
Francisco foi hospitalizado no dia 14 de fevereiro com bronquite e depois apresentou uma infecção polimicrobiana.
Em seguida, o papa recebeu um diagnóstico de pneumonia nos dois pulmões, uma condição que pode inflamar e cicatrizar os órgãos, dificultando a respiração.
O Vaticano descreveu a infecção do papa como “complexa” e explicou que foi causada por dois ou mais microrganismos.
Enquanto esteve no hospital, o pontífice apresentou diferentes quadros de saúde, tendo pioras seguidas de melhoras.
Durante a internação, Francisco sofreu uma “crise respiratória prolongada semelhante à asma” e precisou de transfusões de sangue em decorrência de uma baixa contagem de plaquetas, associada à anemia.
Os episódios respiratórios de Francisco exigiram que ele usasse ventilação mecânica não invasiva, que envolve colocar uma máscara sobre o rosto para auxiliar na passagem do ar pelos pulmões.
Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, assumiu o comando da Santa Sé em março de 2013. Ele marcou a história da Igreja Católica como o primeiro papa latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar o cargo.