Para marcar o Dia dos Povos Indígenas, lideranças do Acre participaram de um ciclo de debates, nessa quinta-feira (20), em São Paulo, na exposição do fotógrafo Sebastião Salgado e aproveitaram para alertar mais uma vez sobre os riscos da construção da estrada entre Acre e Peru.
Foi mais um movimento que tenta chamar a atenção do Brasil para uma questão muito delicada, que pode causar a devastação ambiental e cultural em uma região que aparentemente não possui grande motivação econômica que justifique os impactos da rodovia.
No entanto, segundo confirmou ao ac24horas o Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit) o projeto está retomado após o órgão superar a decisão judicial que paralisou os estudos para implementação da estrada.
“O Dnit contratou o consórcio Única – Iguatemi para elaboração de estudos e projetos básicos e executivos de engenharia visando a execução das obras de implantação, pavimentação e adequação de capacidade e segurança com eliminação de pontos críticos do trecho localizado entre o km 752,7 ao km 888,3 da BR-364 no Acre”, informou o Dnit.
O trecho foi dividido em segmentos: Segmento 1A trata da ponte sobre o rio Juruá, em Rodrigues Alves, e Contorno Viário de Rodrigues Alves; segmento 1B, entre Rodrigues Alves e proximidades de Mâncio Lima); segmento 2 (a partir da bifurcação com AC 407, com cerca 34 km); Segmento 3 (deste ponto até a fronteira com o Peru).
“Neste primeiro semestre de 2022, está prevista a elaboração do Projeto Básico do segmento 1A. Em seguida, será iniciado o Projeto Executivo”, completou o Dnit.
A SOS Amazônia organizações indígenas estão recorrendo da decisão que retomou a elaboração do projeto. O ambientalista Miguel Scarcello recebeu informações dos advogados que o processo está aguardando a decisão do desembargador (segunda instância) sobre o agravo apresentado pelo Ministério Público Federal questionando a decisão anterior de enviar o caso para Cruzeiro do Sul.
Levando em conta custos e benefícios da estrada, o estudo feito pela Conservation Strategy Fund (CSF) conclui que essa rodovia deve gerar um prejuízo social, econômico e ambiental de cerca de R$1 bilhão.
Além disso, as tentativas de viabilizar a estrada podem alterar a categoria do Parque Nacional da Serra do Divisor, região destaque mundial por abrigar grande biodiversidade.